Durante o habitual passeio ao sol, fui surpreendida por um jovem folião no clima de pré-carnaval. Ao passar por mim, lançou um punhado de confetes e um galanteio gritante - mas até que elegante. E seguiu, cantando entusiasmado: "Allah-la-ô, ô-ô-ô, ô-ô-ô/Mas que calor, ô-ô-ô, ô-ô-ô". Rapidamente me recuperei do susto e não resisti. Fui ao seu encontro. Chamei-o com um grito carnavalesco - elegante também: "Ei, você aí". Virou-se e parou, meio assustado, talvez temendo confusão. Desarmei-o: "Ei, você aí. Me diz seu nome, aí. Seu atrevimento merece mesmo uma punição. Me faz uma gentileza? Já que gostou tanto do que viu, tira minha foto?" Obedeceu, com um sorriso de alívio. Cantamos juntos outra marchinha e nos despedimos, eu e Adilson (ou Lucas?), com uma chuva de confetes. Voltei para casa animada, escrevi este texto e emoldurei aquele grito de carnaval, lembranças de um iluminado passeio ao sol, numa manhã de sábado. Para recordar em muitos outros carnavais.
Maria Mortatti - 03.02.2024