ENSAIO PARA UMA RECEITA DE BREVIDADE (Quase-partitura de um cânone como oferenda musical) [1]
1. Da jornada
Escrever é uma longa jornada da alma, vagando entre infernos, purgatórios e paraísos .[2] Em que me lanço, quando afetada por uma experiência profundamente humana. Como um chamado de pessoas e terras estrangeiras [3]. Provocada pelo desejo de compreender e condensar em palavras sensações ameaçadoramente dispersas. Fragmentos de um discurso amoroso [4]. Brevidade [5] que se completa ao se desfazer. Tocada pela língua, umedecida de saliva, grudada nos dentes. Degustada em um íntimo bocado. Efêmero. Único. Sublime. Desafiando a fome insaciável e a sede infinita. Intenso suspiro. Respiração suspensa. Sintaxe em suspeição. Entrecortada por lâminas. Incisas encravadas. Que não se submete à sensatez. Controversa. Incoerente. Desajuizada. Coordenativamente insubordinada. Elíptica. Enigmática. “Decifra-me ou te devoro”.
Procurando a clave [6] e a armadura [7] para modular o caos. Registrar as notas [8]. Definir a duração do compasso. Em Semibreves [9]. Escolher o timbre. Tonalidades relativas e modos transpostos. Tensamente instáveis. Dissonâncias em busca de resolução. O cânone [10] perpétuo. Polifonicamente [11] solitário. Que se desdobra em vozes sucessivas. Derivações em contraponto. Variações sobre um tema. Solidárias. Cada uma delas marcada por circunstâncias e vicissitudes. Compassada pelas condições objetivas e subjetivas de composição da humana experiência.
Como as que motivaram este texto. Receita-quase-partitura de um cânone. Como uma modestíssima oferenda musical. [12] Provocada pelo “Thema regium”. Dedicada ao rei que me desafia. Que se interpreta, com licença poético-musical [13], como ensaio no corpo do texto: intimidade exposta na boca da cena; notadamente aguda em transgressão e risco. Que se explica nos bastidores, com notas graves, à boca pequena, subordinada e obediente às regras dos métodos didáticos e científicos: ingredientes e modo de preparo, instrumentos e modo de execução. Que responde ao chamado da companheira que me convidou para esta Jornada [14]. Desejando com ela compartilhar o afeto [15]. E convidar outras vozes para a sucessão de escalas, acordes, intervalos. De tempos e contratempos. Versos e contraversos. Timbres e tons. Tessituras e registros. Instrumentos e arranjos. Melodias e harmonias sobrepostas. Tocadas em fuga [16]. Cantadas em coro. Cantochão [17]. A capella. [18] Aquecidas em vocalise [19]. Afinadas e bem temperadas [20]. Prováveis. Intensas. Até se desmancharem no céu da boca. Chiusa [21]. Destino das brevidades.
2. Das ambrosias
ambrosia
sf1 MIT Alimento dos deuses do Olimpo que dava e conservava a imortalidade; manjar dos deuses.2 POR EXT Comida ou bebida com cheiro e sabor deliciosos.3 CUL Doce feito com leite e ovos cozidos na calda de açúcar, aromatizado com baunilha.4 FIG Aquilo que proporciona grande prazer.ETIMOLOGIA gr ambrosía.(http://michaelis.uol.com.br/busca?id=1m0o)
Em 1988, escrevi o poema “Receita de ambrosia”. Provocada e inspirada pela pergunta de uma aluna do curso de formação de professores [22].
RECEITA DE AMBROSIA
Entre comer e saber comer, a diferença é apreciável...Dona Benta
“Professora, como você prepara suas aulas?”(Ou terá sido: “Como você ama?”)
1º. ATO: O Ensaio— imagino as necessidades orgânicas e as fantasias do paladar;— penso no prato do dia: o que quero compartilhar?;— projeto o requinte do ritual da última ceia;— busco receitas nas prateleiras das estantes e ingredientes nas despensas da memória;— elejo o que se ajusta ao tempo e formas que não tenho;— tempero; o agora de depois;— preparo: misturo-sinto-palavreio-experimento-penso-saboreio;— entrego-me: fogo forte, fervura; fogo brando, vigília.
2º. ATO: O Ritual— convido: senta-se à mesa comigo? o prazer é todo meu;— o aperitivo, sinfonia de cristais, a toalha, cenário de linho, a entrada, dança de olhos-farfalhar de pernas, o prato principal, pantomima de línguas-sussurro de talheres, a sobremesa, entremeio de sabores, o café, teia de sensações, o licor, arremate do sabor.
3º. ATO: A Solidão— repouso: foi bom, meu bem?;— enfim!;— fecho portas, recolho sobras, giro botões, apago luzes;— re-me-moro, re-te-moro? re-projeto, te revejo?
“E vocês, como saciam a fome?”
(M.R.— 1/7/88) [23]
Trinta e um anos depois escrevi outro texto sobre formação de professores [24]. Retomando aquele. Dessa vez, atendendo ao chamado de outra companheira de jornada. Hoje colega, professora universitária, para cuja formação como professora e pesquisadora tive a satisfação de contribuir. Fui sua professora de “Metodologia do ensino de língua portuguesa” e de “Literatura infantil”, no curso de Pedagogia, e orientadora de suas pesquisas sobre história do ensino da leitura e escrita, no mestrado e no doutorado em Educação. Integrou a que considero ser a última geração de estudantes que eu formara para o magistério até então. Assim como outros tantos jovens aos quais eu podia dizer, com certeza: “vocês são ‘la crème de la crème’ ”. [25] Companheiros de jornadas da alma e do corpo. Oferecia-lhes ambrosias. Acolhiam. Preparamos e saboreamos juntos. Regadas de afeto. Muitas “no ponto”. Algumas nem tão doces. Outras amargas. Experimentamos a sábia lição de Dona Benta: “A diferença entre comer e saber comer é apreciável”. Aprendemos o prazer do preparo e da degustação solidária do manjar dos deuses. E a interlocução fecunda de pessoas mortais, imperfeitas, mas inquietas, sensíveis e desejantes. Nossas histórias compartilhadas de vida e de formação de professores estão perenizadas em tantos textos. Presentes em tantas dedicatórias e mimos memoráveis: Cervantes, Cecilia, leque, perfumes, vinhos, taças, xícaras, caneca, canetas, caderninhos de anotações, flores...
Sem inócua nostalgia, nem acacianos [26] conselhos: os tempos mudaram, embora muitas coisas boas e ruins permaneçam, se repitam ou se desdobrem. O mundo, o país, a educação, a escola, os alunos e eu, também. Mas não perdi a esperança na educação e no magistério. Nem a esperança de que ao menos as perguntas-lâminas continuem se renovando, inquietando, incomodando. E sua incompreensão provoque outras tantas e suas possíveis respostas-perguntantes. Com tempo. No tempo. Nem perdi a capacidade de me indignar com a indiferença e inapetência daqueles a quem, obstinadamente, tento ensinar a fome, oferecer a faca e o queijo... e as ambrosias. Também não me esqueci da compreensão, realista e, por vezes, consoladora: formação de professores é parte do processo de formação humana. Que não se submete a controle. Confrontado com as urgências. Sobressaltado por contingências. [27]
Disso tratei naquele texto recém-escrito também. Como peça didática. Inspirada em Brecht. Síntese de quatro décadas de formadora de professores. De sempre renovado convite à polifonia. Canônica. Em clave de Sol. Em clave de Fá. Luminosidade e gravidade. Tons e semitons. Elevados em sustenidos [28]. Sempre esperançosa de que à primeira voz venham se juntar outras e outras e outras. Para ensinar e aprender a apreciar o sublime. Como aprendi com os que me ensinaram. Para poderem ensinar a outros que ensinarão a outros... Embora sempre impactada no confronto com a solidão docente. Apesar do genuíno esforço de muitos alunos. Alguns, poucos, muito poucos, hoje conseguem acolher o chamado, vislumbrar o encanto, se lançar ao desafio, enfrentar o desconhecido. Confiantes no amparo de quem ensina. Para a maioria, a grande maioria, infelizmente, é apenas um convite de pessoas e terras muito distantes, que desconcerta e imobiliza o pensamento e a ação. Uma jornada inimaginável, insondável, inatingível e temida. Frente à qual recuam e se fecham. Em silêncio. Mesmo quando insisto em oferecer e provocar. Como constato com certa tristeza no epílogo da peça didática. Um coro quase inaudível que provavelmente ficará, mais uma vez, sem respostas.
EPÍLOGO
CORO:Nosso trabalho foi bem-sucedido?Vivenciamos os ensinamentosdo processo discursivo e do interacionismo linguístico:aos crédulos bem-intencionados,o espanto com a regra;aos oprimidos,a consciência do abuso;aos conscientizados,a experiência da mudança.Nosso relato nos mostra o quantoé necessário para transformar,ao menos a educação brasileirae o ensino de língua e literatura:conhecimento e inconformismo,indignação e resistência,intervenção rápida, profunda ponderação,muita coragem, infinita perseverança,compreensão da parte e compreensão do todo:só ensinados pela realidade é que podemostransformar a realidade.O que fazer, então?Que decidam os participantes de nossa jornada! [29]
3. Da solidão docente
Tarde de domingo. Férias de janeiro. Fui ao shopping center, para caminhar abrigada da chuva e com o pretexto de procurar um enfeite qualquer. Para renovar a decoração da casa. Escolhi uma loja atraente, peças dispostas como convite. Logo me recepcionou uma jovem bonita, muito arrumada, com maquiagem caprichada. Pareceu-me que a conhecia. O olhar, o sorriso eram familiares. Provavelmente uma de minhas ex-alunas do curso de Pedagogia. Olhei-a fixamente nos olhos. Agradeci pela acolhida entusiástica. Aguardei que ela me reconhecesse. Para não criar nenhum constrangimento, comum nesses momentos de professora fora da sala de aula. Mas, não! Ela não me deu nenhum sinal. Continuou me atendendo como cliente recém-conhecida. Com perguntas, informações e sugestões de vendedora bem treinada, zelosa e simpática. Agradeci. Incomodada e pensativa. Disse que ia somente olhar. Ela me acompanhava a uma distância discreta, cuidadosamente calculada, vigilante. Virei-me para perguntar o preço de uma peça. Informou com agilidade. Destacou as qualidades, certamente para justificar o preço. Mas, nada! Nenhuma palavra. Nenhum sinal que pudesse indicar que nos conhecíamos. Agradeci novamente. Continuei circulando pela loja. Nem prestava muita atenção no que via. A dúvida me incomodava. Até que me virei e a vi de novo, à minha frente. Não resisti. Perguntei seu nome:
— A., disse ela.
Meu susto foi grande:
— Então você foi minha aluna no curso de Pedagogia! Agora me lembro de seu nome, seu sorriso e seu olhar. Você sempre participava das aulas, perguntava suas dúvidas... Até cito falas suas num texto que escrevi recentemente. Não se lembrou de mim? Mesmo?
— Não...
— Que situação estranha! É comum que professores não se lembrem dos alunos. No meu caso, até muito justificável. Afinal são mais de 40 anos de profissão e milhares e milhares de alunos, em diferentes cidades e Estados. Às vezes, olhando fixamente nos olhos, reconheço alguns, os mais recentes. Nem sempre consigo relacionar a pessoa com o nome. Mas nunca vi caso de aluno que não se lembre de professor! Vocês veem a professora durante 3 a 4 horas uma vez por semana, durante um semestre letivo! Que coisa estranha!!!
Com um jeito dissimulado e, de novo, bem treinado, perguntou:
— A senhora é a professora ...? Qual mesmo é seu nome?
Respondi com espanto! E ela finalmente concordou que me conhecia:
— Ah, sim. Agora lembro! Achei que a conhecesse quando a senhora entrou, mas não tive certeza...
— Nossa! Será que mudei tanto assim? É verdade que a gente envelhece... A fisionomia pode mudar... Mudei, mesmo, nos últimos anos. O tempo passa... Em que ano você se formou?
— Ah! Foi no final do ano passado!
— Não diga!!! Não pode ser! Então faz só um ano e meio que fui sua professora! [30]
— Pois é...
Decidi não encompridar aquela conversa. Estava desnorteada. Continuei caminhando devagar pelo interior da loja. Intercalava uma breve conversa, um olhar para alguma peça de decoração, um olhar para ela. Cumpria a função de cliente. Uma vez reconhecida, optei pelo comportamento protocolar em encontros com ex-alunas:
— E aí? O que você pretende fazer na profissão de professora? Ou vai continuar como vendedora?
— Eu não vou seguir a profissão, não. Fiz estágio [31], terminei o curso. Até gostei. Aprendi muito. Mas também sempre gostei de contato com o público. E estou me acostumando e gostando deste trabalho: loja bonita, a gente sempre arrumada, conversa com o público, salário melhor ... Ainda estou treinando e aprendendo. Mas gosto muito...
— Bem, você tem que fazer o que a deixa feliz. E parece muito bem aqui...
— Vamos ver! Estou me empenhando...
Elogiei a performance como vendedora. Eu nem tinha reconhecido... Desejei sucesso na nova profissão. Agradeci pela atenção. Saí, dizendo que ia pensar nas peças que tinha visto. Se decidisse, voltaria para comprar.
Nem um cafezinho para me acalmar. Andei a esmo. Olhando vitrines desnecessárias. Impactada. Será que eu é que mudei tanto assim em um ano e meio? Minha fisionomia estava tão irreconhecível?
Lembrei-me das falas de A. em sala de aula e na avaliação final da disciplina. Estão registradas, como as de outros alunos, na peça didática sobre formação de professores como processo discursivo...:
ALUNA A.: Entendi que a diferença é que para ser texto tem de ter autor, e trabalho é da “função aluno”, como na “redação escolar” que Geraldi fala naquele artigo, quando ele compara a redação “A casa é bonita”, do aluno que foi aprovado no 1º. ano, com o texto “menino pionhento”, que foi reprovado no 1º. ano [Referindo-se ao artigo “Escrita, uso da escrita e avaliação”]. [32]
ALUNA A.: [...] Preciso dizer que me senti mal em muitas aulas. Vou ler o que escrevi: “Eu achava que sabia fazer bons trabalhos para sua disciplina. Sempre tirei nota boa. De repente chega alguém e te mostra que não é nada disso, que não é por aí... Fiquei pensando: que tipo de professor vai ser eu, sem conhecer uma das coisas mais importantes? Vou chegar lá e ensinar o que aprendi? Formar do mesmo jeito que fui formada? Ser um professor ‘meia boca’ e achar que está tudo bem? Não! Não quero ser esse professor, eu quero chegar à sala e assim como você, ser culta, ter conhecimento, fazer pensar, desestruturar meus alunos.”
E era justamente nessa peça didática em que eu estava pensando, quando decidi espairecer, procurando futilidades domésticas... Pensava em iniciar o ano letivo com a nova turma, pedindo que lessem a peça que escrevi para todos os meus alunos. E que, talvez tolamente, imaginava ter escrito com eles, também... Seria um bom começo. Síntese e apresentação de minha proposta de formação de professores que se formam no trabalho de formação de e por outros. Como eu. Também formada por outros. E poderiam ouvir as vozes dos colegas que os antecederam. Retomá-las. Concordar ou se contrapor. Dizerem o que pensam e o que esperam da disciplina. Era justamente nisso que eu pensava, quando encontrei a ex-aluna. Que não se lembrava de eu ter sido sua professora...
Nem quis aprofundar muito as reflexões. Certamente me reconheceu. Mas por que a dissimulação, sustentada obstinadamente? Sentiu-se constrangida por eu tê-la encontrado trabalhando no comércio? Receava que a professora se lembrasse de algum episódio que a desabonasse na frente das colegas vendedoras? Burburinho altissonante. Monofonia. Outras perguntas-lâminas. Sem respostas breves, nem semibreves, nem mínimas.
4. Das brevidades
brevidade
sf
1 Qualidade do que é breve.
2 Curta duração.
3 Qualidade ou característica do que é conciso; concisão, laconismo, sintetismo.
4 Bolinho feito de polvilho (ou araruta ou maisena), ovos, açúcar etc. assado no forno, muito comum no Nordeste (BA), Sudeste (SP) e Centro-Oeste (MT).
ETIMOLOGIA lat brevitatem.
(http://michaelis.uol.com.br/busca?id=XzDp)
As brevidades. Em oferenda. Também regadas de afeto. Algumas “no ponto”. Íntegras. Em bocados perfeitos. Saborosas. Outras nem tanto. Ressecadas. Engasgantes. Sufocantes. Muitas outras, apressadas. Partidas antes do tempo. Migalhas desperdiçadas. Espalhadas pelo chão.
Brevidades e ambrosias. Indecifráveis. Devoradoras. A solidão docente. A inapetência discente. Confrontando a fome insaciável. A sede infinita. Afrontada pela provisoriedade. A brevidade indesejada. A imortalidade prometida. A preparação da partilha. Imagino. Escolho. Entrego-me.
O convite. A oferenda. “Senta-se à mesa comigo?” A disposição renovada. Explicar. Explicar novamente. Mais uma vez. Explicar com outras palavras. Melhor dizendo. Ou seja. Parênteses elípticos. Aspas incisivas. Notas e mais notas. Digressiva. Prolixa. Inconcisa. Boca seca. Língua cansada. Afônica de monofonia. “Foi bom, meu bem?”
Jornada em vórtice. Sínteses e retomadas. Redundante convicção. Inesgotável resiliência. Do discurso amoroso. Dos fragmentos em fuga. Toadas e retoadas. O desafio do “Thema regium”. A resiliência canônica. Compasso de espera. No tempo. Apesar dos contratempos. Da inatingível harmonia. Da impossível sinonímia perfeita. Das improváveis sincronicidades bissextas. O desejo da degustação compartilhada. Do prolongamento da efemeridade.
5. Do fim ao começo [33]
A oxítona solidão. Abissal. Na multidão. No turbilhão. A sofreguidão. A insensatez. A prenhez. A criação. O rondó. Devorar-me-á?
A paroxítona brevidade das ambrosias. O chamado do afeto. A jornada. “Souspirant en terre étrainge”.[34] O curso. O decurso. O discurso. O avesso do permitido. O direito do proibido. O ensaio. Cantochão. A capella. A receita-quase-partitura. A modesta oferenda. Apreciável. O guloso desejo. Infindável. O sublime. Ricercare. Indecifrável?
O proparoxítono oxímoro [35]. Ávido fôlego efêmero. Palindrômico [36]. Em vórtice. Em “dúvida metódica”. [37] Hiperbólica controvérsia. Em código. Críptico. Epigramático [38]. Ambigramático [39]. Ilógico. Incógnito. Enigmático. Término e início. Canônico. Cântico dos cânticos. [40] “Êxtase puríssimo”. [41] Música de câmara. [42] Recôndita. Litúrgica. Anímica. Epílogo e prelúdio.
Última página. Afônica. Atônita. Adônica. Elíptica. Íntima. Brevíssima. Translúcida. Sempre-viva. Perpétua. Apocalíptica. Anagramática [43]:
Reler, reviver, reter. Na mais longa Breve. Transbordando do compasso. Beleza infinita. Tocada. Irretocável. No ensaio. Como se fosse a primeira, a última, a única vez. Para ensinar e aprender a fricção e a fruição da exuberante intensidade de cada íntegro bocado. Da ambrosíaca brevidade. Como se fosse a única, a última, a primeira.
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GLOSSÁRIO DE NOTAS
[1] Para que os leitores não se zanguem nem desistam antecipadamente, advirto que o glossário de notas explicativas que aqui se inicia é destinado, em especial, aos meus alunos (que espero que leiam este texto). Embora cansativo, é deliberadamente parentético, abundante, redundante, pleonástico, com citações de fontes de fácil acesso aos alunos, inclusive por meio de dispositivos eletrônicos móveis e durante as aulas. É a voz da professora-pesquisadora zelosa e ciente de que a aprendizagem depende do ensino. Os leitores familiarizados com os assuntos de que trato ou os que preferirem leitura mais breve e palatável podem dispensar este glossário e, se desejarem, apreciar apenas o texto do corpo livre e aberto às interpretações que lhes apetecerem.
[2] Referência ao grandioso poema Divina Commedia (A divina comédia), do escritor italiano Dante Alighieri (1265-1321).
[3] Referência ao título da peça musical Kinderscenen, Op. 15, de Scenes from Childhood, 1838. nº 1. Von fremden Ländern und Menschen (De terras e pessoas estrangeiras) do músico e compositor alemão Robert Schumann (1810- 1856).
[4] “Substituiu-se, então, à descrição do discurso amoroso sua simulação, e devolveu-se a esse discurso sua pessoa fundamental, que é o eu, de modo a pôr em cena uma enunciação e não uma análise. É um retrato, se quisermos, que é proposto; mas esse retrato não é psicológico; é estrutural; ele oferece como leitura um lugar de fala: o lugar de alguém que fala de si mesmo, apaixonadamente, diante do outro (o objeto amado) que não fala.” (BARTHES, R. Fragmentos de um discurso amoroso. Trad. H. Santos. 5. ed. Rio de Janeiro, 1985. p.1).
[5] O tema deste texto – brevidade – e as escolhas estilísticas e sintáticas são inspiradas em fecunda interlocução com um poeta – cujo nome deixo de mencionar em respeito a seu pedido –, companheiro de jornada, a quem sou infinitamente grata pelo bem que me proporcionou.
[6] Referências cruzadas: ao poema “Trouxeste a chave”, de Carlos Drummond de Andrade; e ao termo musical "clave", do latim “clavis" ("chave", em Português). Sinal que se coloca no início da pauta/pentagrama (as cinco linhas da partitura musical), para indicar ao músico como lê-la. “[...] Serve para dar nome e altura da nota. [...] A clave indica qual a posição de uma das notas e todas as demais são lidas em referência a essa nota. Cada tipo de clave define uma nota diferente de referência. Dessa maneira, a "chave" usada para decifrar a pauta é a clave, pois é ela que vai dizer como as notas devem ser lidas.” E executadas! https://pt.wikipedia.org/wiki/Clave
[7] Armadura da clave “[...] é o conjunto de acidentes colocados ao lado da clave na pauta musical, indicando que as notas correspondentes à localização na pauta onde a armadura foi escrita, devem ser tocadas de maneira consistente um semitom acima ou abaixo de seu valor natural, [...] conforme se usem sustenidos ou bemóis, respectivamente, na armadura.” https://pt.wikipedia.org/wiki/Armadura_(m%C3%BAsica)
[8] “Notas musicais são elementos sonoros formados por uma vibração no ar, que podem ser definidas por claves e ser graves ou agudas. Fisicamente, o som de uma nota musical é uma onda que se propaga pelo ar com determinada frequência. O ser humano capta essa frequência e a ela dá o nome de som. A combinação das notas musicais pode definir uma harmonia, melodia. Isso é uma arte conhecida como música.” https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/notas-musicais
[9] “Semibreve é o nome da figura rítmica de maior duração usada atualmente na notação musical padrão. Antigamente eram comuns também a Breve, a Longa e a Máxima, mas hoje em dia raramente são usadas. Por ser a figura mais longa em uso, ela é usada como referência para as durações relativas de todas as demais notas. [...] A semibreve também é a nota usada como referência para a duração do compasso (música). O denominador da fórmula do compasso indica em quantas partes uma semibreve é dividida para obter a unidade de tempo da composição.” https://pt.wikipedia.org/wiki/Semibreve. “Breve é a nota musical que tem duração equivalente ao dobro da semibreve. A nota foi utilizada até a Idade Média, sobretudo no Canto Gregoriano. Durante este período, a breve era a nota mais curta - daí o seu nome. Atualmente, a breve é a nota mais longa que pode ser escrita com uma única figura, mas raramente é utilizada, pois sua duração é maior que a maioria dos compassos.” https://pt.wikipedia.org/wiki/Breve.
[10] "Cânone" é o termo utilizado na nomenclatura musical para designar “[...] a forma polifônica, em que as vozes imitam a linha melódica cantada por uma primeira voz, entrando cada voz, uma após a outra, uma retomando o que a outra acabou de dizer, enquanto a primeira continua o seu caminho: é uma espécie de corrida onde a segunda jamais alcança a primeira.” https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2none_(m%C3%BAsica). “Cânon (ou Kanon, em Alemão) é uma peça musical de repetições feitas para três violinos e um violoncelo contínuo, ou seja, o 1º violino (ou primeira voz) inicia com parte da melodia, e, depois de uma sequência de acordes de I, IV e V graus, este inicia outra parte no mesmo momento que o 2º violino inicia a mesma melodia já tocada pelo 1º, sendo que quando o 3º violino inicia a mesma melodia já tocada pelo 1º e 2º violinos, o 2º passa a tocar o que o 1º tocou, em suma, são blocos de dois compassos tocados pelo 1º violino, os quais são repetidos pelos demais, tornando melodias harmonicamente sobrepostas. https://pt.wikipedia.org/wiki/Johann_Pachelbel Entre os cânones mais célebres está o Cânone em Ré Maior (originalmente Cânone e Giga para 3 violinos e baixo contínuo (Kanon und Gigue für 3 Violinen mit Generalbaß), composto pelo músico barroco alemão Johann Pachelbel (1653 - 1706).
[11] Polifonia é também conceito chave na obra do linguista russo Mikhail Bakhtin (1985-1975). A “[...] polifonia tem como principal propriedade a diversidade de vozes controversas no interior de um texto. Conforme [...] Bakhtin, este conceito se caracteriza pela existência de outras obras na organização interna de um discurso, as quais certamente lhe concederam antecipadamente boas doses de ascendência e ideias iluminadas. Este elemento não tem o mesmo significado da heterogeneidade enunciativa, que alude ao potencial desenvolvimento das vozes que já estão presentes na obra, ao passo que a polifonia se refere a variadas falas que intervêm no texto. O pesquisador russo vincula esta noção ao romance polifônico, que se opõe ao monológico. Ele se baseou principalmente na obra do escritor Fiódor Dostoiévski, seu conterrâneo e autor de clássicos como Crime e castigo e O idiota. Nesta modalidade polifônica, todo personagem atua livremente, com ponto de vista, voz e postura pessoais, no contexto em que estão inseridos. Uma única manifestação verbal que submete as outras expressões orais caracteriza o diálogo monofônico, enquanto as controvérsias marcam a polifonia. Alguns estudiosos, como Beth Brait, defendem que a ironia é um recurso inerente ao gênero polifônico; por outro lado, a afirmação de uma opinião traz em si tão somente uma voz predominante, portanto aí não há nenhuma possibilidade de debate.” https://www.infoescola.com/linguistica/polifonia/
[12] A Oferenda Musical (Musikalisches Opfer ou Das Musikalische Opfer), é uma coleção de cânones, fugas e outras obras do compositor e músico alemão Johann Sebastian Bach (1685- 1750), baseada num tema musical de Frederico II da Prússia (Frederico, o Grande) e a ele dedicada. “A coleção tem sua origem num encontro entre Bach e Frederico II em 7 de maio de 1747. [...] Frederico queria mostrar a Bach uma novidade. O pianoforte foi inventado uns poucos anos antes e o rei tinha esse instrumento experimental, alegadamente o primeiro que Bach viu. Bach, que era bem conhecido por seu talento na arte da improvisação, recebeu o seguinte tema, o Thema Regium (Tema do Rei), para improvisar uma fuga [...] Segundo Gaines [...] a proposta de Frederico, na realidade era para humilhar o velho Bach, pois o tema fornecido fora construído de tal forma que imaginava-se impossível aplicar a ele as regras da polifonia [...]”. https://pt.wikipedia.org/wiki/Oferenda_Musical
[13] Licença poética é a “Liberdade concedida a um artista, não necessariamente um poeta, para se expressar criativamente, sem obediência rígida a um cânone, a uma gramática, a um código ou a um modelo convencional de escrita. Ao sabor deste tipo de liberdade, é possível encontrar os mais diversos desvios à norma poética, desde rimas falsas a versos de métrica irregular, desde temas obscenos em épocas de contenção moral a mistura de várias formas de expressão literária na mesma composição.” https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/licenca-poetica/
[14] Este texto resulta da provocativa interlocução, a convite da professora Sueli Guadalupe de Lima Mendonça, na Mesa de debate: "Esvaziamento do currículo da educação básica ao ensino superior", durante a 18ª JORNADA DO NÚCLEO DE ENSINO – “Deformação na escola: desvios e desafios”, promovida pelo Núcleo de Ensino de Marília, Grupo de Pesquisa "Implicações Pedagógicas da Teoria Histórico-Cultural" e Programas de Pós-Graduação em Ciências Sociais e Educação da Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP, Câmpus de Marília e realizada entre os dias 03 e 05 de setembro de 2019.
[15] “Afeto” e “Afetar” derivam do Latim “Affectio”, “relação, disposição, estado temporário, amor, atração”, da raiz de “Afficere”, “fazer algo, agir sobre, fazer, manejar”. https://origemdapalavra.com.br/pergunta/afeto-e-afetar/
[16] Fuga “[...] é um estilo de composição contrapontista, polifônica e imitativa, de um tema principal, com sua origem na música barroca. Na composição musical o tema é repetido por outras vozes que entram sucessivamente e continuam de maneira entrelaçada. Começa com um tema, declarado por uma das vozes isoladamente. Uma segunda voz entra, então, "cantando" o mesmo tema mas transposto na dominante, enquanto a primeira voz continua desenvolvendo com um acompanhamento contrapontista. As vozes restantes entram, uma a uma, cada uma iniciando com o mesmo tema. O restante da fuga desenvolve o material posterior utilizando todas as vozes e, usualmente, múltiplas declarações do tema.” https://pt.wikipedia.org/wiki/Fuga
[17] “Cantochão é a denominação aplicada à prática monofônica de canto utilizada, desde os primórdios da Idade Média, com os monges reginaldinos, por cantores nos rituais sagrados, originalmente desacompanhada. Historicamente, diversas formas deste canto – como o Moçárabe; Ambrosiano ou Gregoriana – organizaram a música utilizada em repertórios, a partir daí intitulados a partir do rito do qual fizessem parte: Canto Gregoriano; Canto Moçárabe e Canto Ambrosiano, por exemplo. Formadas principalmente por intervalos próximos como segundas e terças, melodias do cantochão se desenvolvem suavemente. [...]” https://pt.wikipedia.org/wiki/Cantoch%C3%A3o
[18] A cappella ou Acappella “[...] é uma expressão de origem italiana, também utilizada na maioria dos idiomas ocidentais, que designa a música vocal sem acompanhamento instrumental.” https://pt.wikipedia.org/wiki/A_cappella
[19] “Vocalise é um exercício vocal que consiste em cantar sobre uma ou mais vogais, várias linhas melódicas com notas especificamente arranjadas como prática didática. Também é a parte vocal sem palavras da música polifônica do Século XIII e XIV, quando a música não possuía texto.” https://pt.wikipedia.org/wiki/Vocalise
[20] “Temperamento musical é um esquema para dividir ou temperar a oitava. Ao longo dos tempos, foram propostos mais de 100 sistemas. [...] Os vários sistemas ecoam os vários estilos e gostos musicais das suas épocas. E estes, por sua vez, também influenciaram os tipos de afinações adoptado.” https://pt.wikipedia.org/wiki/Temperamento_musical
[21] “Bocca chiusa [...] é um termo em italiano, que significa cantar com a boca fechada. É uma técnica usada para o ‘aquecimento vocal’, cantando-se as denominadas vocalises diatônicas em acompanhamento com um teclado ou piano, que toca a melodia da vocalise, sendo que o cantor ou coralista por sua vez, a reproduz. Caracteriza-se por cantar com a boca fechada transferindo a ressonância para a região nasal.” https://pt.wikipedia.org/wiki/Bocca_chiusa
[22] Trata-se do CEFAM - Centro Específico de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério, criados pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, e foram instalados em algumas escolas e cidades paulistas, em substituição à Habilitação Específica para o Magistério – 2º. grau. Entre 1988 e 1991, lecionei no curso de formação de professores em nível de 2º. grau (hoje, ensino médio), do CEFAM-Campinas.
[23] Publicado originalmente em Magnani, M. R.M. Em sobressaltos: formação de professora. Campinas: Editora da Unicamp, 1993. (3a. ed. rev. e atualizada, pela Oficina Universitária, Unesp/Marília, 2019 - e-book)
[24] Trata-se de: “Formação de professores como processo discursivo: cenas de uma peça didática”, publicado na Revista Brasileira de Alfabetização. v.1, n.9, jan./jun. 2019, p. 9-59. Disponível em: http://abalf.org.br/wp-content/uploads/2020/02/Revista-ABAlf-v.-1-n.-09.pdf Versão completa está publicada no livro Receita de ambrosia: peça didática (Editora Unesp, 2020), e-book gratuito
[25] "La crème de la crème" – Expressão em francês, cuja tradução é “a nata da nata”. Significa, em sentido literal: "Parte gordurosa do leite, que se forma à superfície e da qual se faz a manteiga”; e em sentido figurado: “O que há de melhor em alguma coisa [...].” https://www.dicio.com.br/nata/
[26] De "Conselheiro Acácio", personagem do romance O Primo Basílio, de Eça de Queirós. “Esta figura fictícia tornou-se célebre como representação da convencionalidade e mediocridades dos políticos e burocratas portugueses dos finais do século XIX, sendo até à actualidade utilizada para designar a pompa balofa e a postura de pseudo-intelectualidade utilizada por muitas das figuras públicas portuguesas. Deu origem ao termo acaciano, designação utilizada para tais figuras ou para os seus ditos.”
https://pt.wikipedia.org/wiki/Conselheiro_Ac%C3%A1ciohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Conselheiro_Ac%C3%A1cio
[27] Especialmente estas últimas frases remetem à tese de doutorado em que trato do tema, sob a forma de epopeia. Está publicada no livro Em sobressaltos: formação de professora, citado na nota 23 deste texto.
[28] “Em música, o sustenido é um acidente que, tendo seu sinal de notação (♯) colocado à esquerda da nota, indica que a altura desta nota deve ser elevada em um semitom. A palavra é usada como adjetivo para indicar entonação acima da altura constante da notação. O dobrado sustenido, (com a notação ✗) indica que a altura da nota que este sinal antecede deve ser elevada em dois semitons.” https://pt.wikipedia.org/wiki/Sustenido
[29] Esse trecho foi extraído do texto “Formação de professores como processo discursivo: cenas de uma peça didática” (citado na nota 24). Trata-se de paráfrase, com muitas adaptações, do epílogo da peça A decisão ([1929/1931] 1992), do dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht (1898-1956).
[30] Refiro-me à disciplina “Conteúdo, metodologia e prática de ensino: língua portuguesa e literatura infantil”, que ministro, no primeiro semestre letivo, para as turmas de alunos do 3º. Ano do curso de Pedagogia da FFC-Unesp-Marília.
[31] Trata-se de estágio curricular obrigatório do curso de Pedagogia, e deve ser realizado em escolas de educação infantil e ensino fundamental (1º. ao 5º. Anos).
[32] Esse artigo integra a coletânea O texto na sala de aula (Ática), organizada por João Wanderley Geraldi. É um dos livros de leitura obrigatória na disciplina que ministro no curso de Pedagogia.
[33] Frase inspirada em “Ma fin est mon commencement/Mon commencement est ma fin” (Meu fim é meu começo/ Meu começo é meu fim), título do cânone do compositor e poeta francês Guillaume de Machaut (1300-1377). É um cânone enigmático ou Ricercare ou Rondeau “[...] do tipo caranguejo, com uma terceira voz que é uma palidrome musical.”; “[...] um caso raro onde o compositor usou em uma das vozes a técnica da escrita retrógrada, cantando a melodia a partir do seu final, justificando o título". https://pt.wikipedia.org/wiki/Guillaume_de_Machaut.
[34] Em tradução livre: Suspirando em terra estrangeira. Esse é o título do Rondeau composto pelo trovador francês Adam de La Halle (1237-1288). https://pt.wikipedia.org/wiki/Adam_de_la_Halle.
[35] “O oximoro é uma figura de estilo [...] em que se exprime um paradoxo, que consiste em associar dois termos de significado oposto (aliás, contraditório) numa mesma estrutura, com o objetivo de criar um terceiro conceito com um novo sentido. O oximoro funciona num sentido metafórico uma vez que o seu significado literal é absurdo ou incoerente.” https://conceito.de/oximoro
[36] Palíndromo “[...] é uma palavra, frase ou qualquer outra sequência de unidades [...] que tenha a propriedade de poder ser lida tanto da direita para a esquerda como da esquerda para a direita. Num palíndromo, normalmente são desconsiderados os sinais ortográficos (diacríticos ou de pontuação), assim como os espaços entre palavras. A palavra "palíndromo" vem das palavras gregas palin (πάλιν (πάλι, no grego moderno) "para trás, novamente") e dromos (δρόμος, "caminho, rua") – que corre em sentido inverso.” https://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%ADndromo.
[37] Referência ao método utilizado pelo filósofo, físico e matemático francês René Descartes (1596-1650). “Notabilizou-se sobretudo por seu trabalho revolucionário na filosofia e na ciência, mas também obteve reconhecimento matemático por sugerir a fusão da álgebra com a geometria - fato que gerou a geometria analítica e o sistema de coordenadas que hoje leva o seu nome. Por fim, foi também uma das figuras-chave na Revolução Científica. Descartes, por vezes chamado de "o fundador da filosofia moderna" e o "pai da matemática moderna", é considerado um dos pensadores mais importantes e influentes da História do Pensamento Ocidental. Inspirou contemporâneos e várias gerações de filósofos posteriores; boa parte da filosofia escrita a partir de então foi uma reação às suas obras ou a autores supostamente influenciados por ele. Muitos especialistas afirmam que, a partir de Descartes, inaugurou-se o racionalismo da Idade Moderna”. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes.
[38] Epigrama é uma “Pequena composição poética que termina num pensamento engenhoso ou satírico. Sátira ou dito mordaz; referência crítica. Qualquer frase ou inscrição poética sobre qualquer tema ou assunto. Frase, dito poético ou em prosa que, gravado num monumento, moeda, estátua etc., exaltava um evento importante, a vida de alguém.” https://www.dicio.com.br/epigrama/
[39] “Ambigrama é uma representação gráfica de uma palavra que pode ser vista rotacionada ou invertida horizontalmente [ou verticalmente] com a mesma fonética ou representação visual.” https://pt.wikipedia.org/wiki/Ambigrama.
[40] “O Cântico dos Cânticos [...], conhecido também como Cantares, Cânticos de Salomão ou Cântico Superlativo, é o quarto livro da terceira seção [...] da Bíblia Hebraica e um dos livros poéticos e sapienciais do Antigo Testamento da Bíblia Cristã. É um dos cinco Megillot ("cinco rolos") e é lido no Sabá durante a Páscoa judaica, marcando o começo da colheita dos cereais e comemorando o Êxodo do Egito. No contexto das escrituras cristãs, Cântico dos Cânticos é único por celebrar o amor sexual.” https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2ntico_dos_C%C3%A2nticos
[41] Expressão extraída do conto “Felicidade clandestina”, da escritora brasileira Clarice Lispector (1920-1977).
[42] “Música de câmara é a música erudita composta para um pequeno grupo de instrumentos ou vozes que tradicionalmente podiam acomodar-se nas câmaras de um palácio. Atualmente a expressão é usada para qualquer música executada por um pequeno número de músicos. A palavra ‘câmara’ indica que a música pode ser executada em salas pequenas, geralmente com uma atmosfera mais íntima. Nesta categoria geralmente não está incluída a música para instrumento solo, entretanto, é comum incluir obras para piano solo, dependendo da ambientação. Sua composição é destinada a um pequeno número de instrumentos ou vozes - geralmente, até o máximo de dez.” https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica_de_c%C3%A2mara É também o título, em português de livro de poemas Chamber music, do escritor irlandês James Joyce (1882-1941)
[43] “Anagrama (do grego ana = "voltar" ou "repetir" + graphein = "escrever") é uma espécie de jogo de palavras, resultando do rearranjo das letras de uma palavra ou expressão para produzir outras palavras ou expressões, utilizando todas as letras originais exatamente uma vez. https://pt.wikipedia.org/wiki/Anagrama
Maria Mortatti - Marília/SP, 15/02/2020.
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MORTATTI, Maria R. L. Ensaio para uma receita de brevidade (quase-partitura de um cânone como oferenda musical). In: MENDONÇA, Sueli G. L; MIGUEL, José C.; MILLER. Stela. KÖHLE, Érika C. (Orgs.). (De)formação na escola: desvios e desafios. Marília: Oficina Universitária; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2020. p. 19-32. (Livro resultante da 18ª JORNADA DO NÚCLEO DE ENSINO – “Deformação na escola: desvios e desafios”, realizada em2019). E-book gratuito: https://ebooks.marilia.unesp.br/index.php/lab_editorial/catalog/book/172
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Este texto integra a trilogia O BANQUETE, de Maria Mortatti, composta por: Receita de ambrosia: peça didática (livro); Ensaio para uma receita de brevidade (capítulo); Papo-de-anjo: ensaios sobre configuração textual (livro, em processo de elaboração).