No final da tórrida tarde de sábado, Arthur me convidou para brincar na rede e determinou as regras:
– Você me balança. Alto. Bem alto. Você não pode ficar comigo na rede. Você é grande. Não cabe. Só eu. Quando você ficar pequenininha, eu deixo.
– E quem vai balançar nós dois na rede?
– O vento, vovó. Um vento bem fortão!
Provavelmente, Arthur não se lembrará desse momento nem de suas primeiras reflexões sobre a finitude da vida. Não sei se um dia haverá vento suficiente para nos balançar juntos e alto, bem alto, naquela rede amarela. Mas nunca me esquecerei da lição eternizada nesse curioso outro caso de celebração do amor.
Maria Mortatti – 17.12.2023 - RP
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*Alusão ao título do filme O curioso caso de Benjamin Button (2008), de David Fincher, e o conto homônimo de 1922, de Scott Fitzgerald.