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A "sala 50" é meu canto de trabalho na FFC-Unesp-Marilia, desde que ingressei nesse campus, há 25 anos. Antes, o acervo estava na minha sala na FCT-Unesp-Presidente Prudente, onde ingressei em 1991. Antes, ainda, nos anos 1970/1980, foi se ampliando no meu apartamento em Campinas/SP, quando eu era professora da educação básica, cursava o mestrado em Teoria Literária (não concluído) e depois o mestrado seguido do doutorado em Educação, todos na Unicamp. E muito antes, começara a ser formado, em Araraquara, minha cidade natal, no início dos anos 1970, quando cursava Letras na FCLAr, encampada pela Unesp em 1976. Hoje o acervo da "sala 50" conta com aproximadamente 4.000 itens. Foi crescendo ao longo de mais de quatro décadas, com aquisições e doações de livros e documentos impressos, manuscritos e iconográficos - alguns raros - que proporcionaram a realização de minhas pesquisas e publicações e as de meus orientandos de graduação e pós-graduação, vinculadas ao Grupo de Pesquisa História do ensino de língua e literatura no Brasil (criei em 1994), e também a realização de muitas outras atividades profissionais, como o I SIHELE - Seminário Internacional sobre história do ensino de leitura e escrita, em 2010, do qual resultaram o livro "Alfabetização no Brasil: uma história de sua história" (Editora Unesp), Prêmio Jabuti Educação - 2012 , e a aprovação da criação da ABAlf - Associação Brasileira de Alfabetização. Fui a propositora e a primeira presidente 2012-2014, e, nesse período, a sede da ABAlf funcionou na "sala 50".
Em meu escritório no apartamento em Marília – o primeiro e único imóvel próprio, que só consegui comprar aos 44 anos de idade – está outra parte do meu precioso acervo, com aproximadamente 1.500 itens, predominantemente livros de literatura – prosa, poesia, teatro –, teoria e crítica literária, clássicos da educação, história, histoirografia, filosofia, sociologia, obras de referência – entre elas, dicionários gerais e temáticos –, livros de minha infância e, claro, os livros literários e científicos de que sou autora, coautora, organizadora. Há ainda discos de vinil e CDs, documentos manuscritos – entre eles, originais de meus textos literários, meus diários desde a infância, cartas trocadas entre meus pais – e fotografias com os respectivos "negativos".
Nesses dois cantos estão reunidos os registros de meus quase 70 anos de vida – e de leitora – e mais de meio século de poeta, escritora, professora e pesquisadora. Entre ganhos e perdas, conquistas e fracassos, ordem e caos, neles está: "O que fiz com o tempo que sobre a terra me foi dado" (Brecht), até agora. Meu melhor legado. Minha obra, minha vida.
Maria Mortatti - 28.12.2023