Há 44 anos sou servidora pública: de 1978 a 1991, como professora de Português e Inglês, junto à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo; e, desde 1991, como docente universitária e pesquisadora, junto à Unesp – Universidade Estadual Paulista, até 1998 no campus de Presidente Prudente e, desde então, no campus de Marília.
Nunca tive apadrinhamento ou amadrinhamento político. Fui aprovada em oito concursos públicos de provas e títulos. O primeiro, para o cargo efetivo no magistério da educação básica. Os demais, para funções e cargos efetivos como docente na Unesp – conforme categorias e níveis de carreira previstos no estatuto da universidade. Em 1991, para ingresso como assistente-doutora na Unesp – campus de Presidente Prudente. Em 1997, dois concursos: para obtenção do título de livre-docente e, depois, para efetivação em cargo. Em 1988, para ingresso na Unesp – campus de Marília e, em 2002, para efetivação em cargo. Em dezembro de 2003, aposentei-me a pedido e por tempo de serviço. Em 2005, por concurso público, (re)ingressei na função de docente e pesquisadora na Unesp – Marília. O último concurso público que prestei foi em 06.11.2011, para o cargo de professora titular – a categoria mais elevada na carreira docente universitária na Unesp, onde permanecerei até ser compulsoriamente aposentada em 2029.
Se escolhi ser servidora pública e como me tornei professora (pública)? Se eu queria servir ao público, não poderia ter escolhido ser freira, garçonete ou cortesã?
Acho que tudo começou com as escolas públicas em que me formei – no primário, ginasial, colegial, faculdade e pós-graduação – ou, talvez, com as advertências sobre os atrativos do serviço público e da carreira do magistério, conforme meu pai e minha mãe (professora pública), que inadvertidamente (?) obedeci, ou, ainda, por causa das restritivas possibilidades impostas à profissionalização das mulheres na segunda metade do século XX, quando nasci, formei-me e iniciei atividades profissionais.
Bem, essa é outra história. Está narrada em meu livro “Em sobressaltos: formação de professora” e nos seis memoriais acadêmicos que escrevi como requisitos parciais para cada concurso em que fui aprovada como docente e pesquisadora de universidade pública, laica, gratuita e de qualidade socialmente referenciada.
Hoje se comemora o Dia do Servidor Público. Em 28.10.1939, por meio do decreto 1713/39, foi regulamentada a atividade do funcionalismo público no Brasil e, em 1943, o Presidente Getúlio Vargas decretou o feriado anual no dia 28 de outubro. Mas somente na Constituição Federal de 1988 foi estabelecida a obrigatoriedade do concurso como meio de ingresso na carreira pública.
Hoje, então, saúdo todas e todos que servem e zelam pelo bem público e pela princípio da igualdade de oportunidades e equidade de direitos de todo cidadão. Com saudação especial a professoras e professores públicos. Nosso dia é todos os dias na vida pública e, muitas vezes, em nossa vida privada também.