É autor de cartilhas e livros de leitura e de poesia infantil, fábulas e peças de teatro, tradutor de textos pedagógicos e histórias infantis. Entre suas dezenas de publicações, encontram-se os livros: Fábulas, Livro das mães, Cartilha n. 1 e Cartilha n. 2 (1916), os cinco livros de Leituras moraes e instructivas para uso das escolas primárias, da Série Rangel Pestana (iniciada em 1884); Curso da língua materna (1915). Os livros dessa Série, publicados pela Francisco Alves, tiveram sucessivas reedições e formaram gerações de brasileiros, ao longo de muitas décadas. E as ideias inovadoras especialmente sobre o ensino da leitura pelo método analítico fizeram dele um precursor em relação a esse ensino, referência para muitos educadores de sua época, e contaram sempre com calorosa recepção entre o professorado e as autoridades educacionais, tendo recebido várias homenagens, entre as quais a de patrono da Cadeira n. 5 da Academia Paulista de Educação. É também um antigo conhecido meu. Fez parte de minhas leituras escolares no curso primário, no início dos anos 1960, e é um dos sujeitos de minhas pesquisas e publicações, desde os anos 1980, sobre história da educação e do ensino de língua e literatura no Brasil.
Em meio a tantas atividades, Köpke nunca deixou de se dedicar à educação da infância. Continuou revendo e atualizando sua obra didática e se dedicou à literatura infantil. Escreveu peças de teatro para crianças, em prosa e verso, a partir de histórias como “Chapeuzinho Vermelho”, “Branca de Neve” e “A Bela Adormecida”, e, em 8 de maio de 1924, em sessão extraordinária da Sociedade de Educação de São Paulo, pronunciou a oração intitulada Theatro juvenil. A partitura de peça A bela adormecida foi composta, gratuitamente, por um de seus antigos discípulos, Dr. Carlos de Campos, então presidente do estado de São Paulo; a peça foi representada nesse estado e no Rio de Janeiro, com grande sucesso. Seu livro Versos para os pequeninos – manuscrito recentemente descoberto e publicado em fac-símile –, escrito entre 1886 e 1897, contém 24 poemas com ilustrações e inovações formais em relação à poesia infantil da época, reafirmando-se seu pioneirismo também na literatura infantil.
Nos últimos anos de sua vida, além de pensar em novo método de combater o analfabetismo por meio do rádio, Köpke organizou, na primeira estação de radiodifusão do Brasil – a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, do pioneiro Roquete Pinto – a “Hora das Crianças”, programa que ele redigia e apresentava com o apelido de “Vovô”. Na tarde de 28 de julho de 1926, cercado de antigos discípulos, João Köpke faleceu em sua casa no bairro de Laranjeiras, na cidade do Rio de Janeiro, logo após ter se calado o coro alegre das crianças que cantavam ali perto, no Colégio Sion.
Maria Mortatti – 10.03.2023