Nos últimos dias do ano passado, ocupei-me com o balanço das atividades pessoais e profissionais. Reli meu diário; conferi quatro caixas de e-mails e milhares de arquivos do computador; consultei bases de dados acadêmicos on-line, sites de editoras, de revistas científicas, de instituições de ensino e pesquisa e canais no YouTube. Localizei e recuperei dados de minha produção acadêmica e literária em 2020. Referenciei toda a produção escrita e não escrita do ano. Atualizei meu currículo Lattes e meu Blog Literatura & Educação. Reuni e organizei os dados em quadros, tabelas, gráficos. Fiz cálculos estatísticos e análises quantitativas e qualitativas.
O saldo quantitativo é positivo. As “lives” sobre assuntos educacionais e literários de que participei em 2020, como palestrante ou entrevistada (sem contar as de MC), tiveram, no total, milhares de assistentes ao vivo, de diferentes estados brasileiros, mais de 38 mil visualizações (94% em “lives” acadêmico-cientificas) nos vídeos no YouTube, todos reunidos no meu Blog**. Os e-books gratuitos (Editora Unesp e Cultura Acadêmica) também tiveram milhares de acessos. Embora poucas comparativamente àquelas, as duas centenas de citações em 2020 - no "Google Scholar" - de minha produção escrita representam contribuições importantes nos campos de pesquisa em que circulam, conforme o tempo necessário a sua leitura e utilização por outros pesquisadores.
Nestes tempos difíceis de pandemia e pandemônio político, o balanço geral do ano foi lamentavelmente previsível: milhares de vidas perdidas; violentos retrocessos políticos, sociais, econômicos; danos incalculáveis à ciência, à educação e à cultura. E nem tudo foram flores, alegrias e "likes" na vida pessoal. Mas o balanço foi também alentador, porque evidenciou as marcas de resistência e luta coletivas, no cumprimento da função social e política tanto dos escritores quanto da universidade pública, laica, gratuita. Como centenas de colegas professores-pesquisadores, pude contribuir para a produção e a divulgação do conhecimento científico. E como centenas de colegas escritores, pude contribuir para a produção e a divulgação da literatura, do livro e da cultura. Em ambos os casos, também para a formulação de novos e urgentes problemas e projetos científicos e culturais.
Em síntese, calcular não foi em vão. Nem tanto para as rotineiras e compulsórias finalidades de avaliação acadêmica. O importante é que, ao menos nesses aspectos, a análise qualitativa dos dados me propiciou constatar o saldo mais positivo: as fecundas interações humanas que, apesar do distanciamento social, nos uniram nos desafios e angústias, na formulação de problemas e na busca de respostas científicas.
Embora um pouco atrasada, esta é, então, minha mensagem de agradecimento a todos que me deram a alegria de vivenciar momentos memoráveis em 2020. A vocês, meus votos de que 2021 seja melhor - com vacina para todos e contra todos os vírus - e que continuemos juntos, resistindo e lutando com nossas melhores armas, para renovar sempre a esperança ativa de contribuir para a construção de um mundo mais humano e um país mais democrático, com saúde, ciência, educação e cultura para todos.
MARIA MORTATTI - 02.01.2021
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* Referência ao título do livro O homem que calculava: aventuras de um singular calculista persa (1ª. ed. 1938), de Malba Tahan (Júlio César de Mello e Souza).
** Todos esses vídeos estão disponíveis neste Blog.