PROSEANDO, PROSEANDO
Sabe aquele papo legal que rola quando a gente está conversando com alguém que compartilha conosco de algum interesse? Pois é : plantas, esportes, músicas, receitas frequentam estes papos.
Maria Mortatti é nossa interlocutora num papo legal sobre livros. Abrindo sua obra, "Prosa de leitora" (Ed. Scortecci), é como se - sentados com a autora- ela nos contasse algumas de suas experiências ( vivências, talvez ?) com livros. Ao longo das pouco mais de duzentas páginas rola uma prosa legal.
Exemplos ? :
Observando a coincidência de nascimento de escritores cuja obra tem grande reconhecimento público - Shakespeare, Cervantes, Garcilaso de la Vega - os três de abril de 1616 ) surge uma questão: capricho dos deuses ?
Brincadeira! Claro que não.
Mortatti nos sugere que a qualidade deles parece decorrer da precoce percepção que tiveram de que ventos novos sopravam na cultura. E são estes ventos que, trazidos para suas páginas seduzem seus até hoje fieis leitores.
Destrinchando sua fascinação por dicionários, Mortatti nos lembra do conselho de Drummond: "penetra surdamente no reino das palavras". A propósito de dicionários brasileiros mais recentes- impressos e digitais- a autora traz para a conversa aspectos moderníssimos da vida dos livros: as alterações que sofrem ao longo do tempo: sua fragmentação para atender a diferentes públicos, sua articulação com diferentes linguagens, e por aí vai ...
Ou seja, proseando sobre dicionários com Mortati acho que nos convencemos de que as grandes obras são grandes não porque sejam imexivelmente imortais. Ao contrário: sua imortalidade consiste em sua constante reescritura para continuar a conversa com seus leitores.
Conversa vai, conversa vem, a história de Pinocchio é um dos assuntos das prosas. O boneco de madeira que há mais de um século circula em dezenas de línguas encena a universal questão do Bem e do Mal, do humano e do fantástico. Sua longa permanência permite que a autora rastreie e discuta a transcrição de história em diferentes linguagens- desde o desenho de Disney às HQs, adaptações, resumos, games.
Nesta prosa deliciosa, Mortatti inspira seus leitores a se valerem do mundo digital para - conversando sobre as obras que leem- compartilharem leituras: talvez o grande desafio que espreita todos nós, leitores deste século XXI !
MARISA LAJOLO é escritora, pesquisadora, crítica literária e professora aposentada do IEL/Unicamp.
01.02.2024
BREVE COMENTÁRIO SOBRE "PROSA DE LEITORA"
Acabei de ler um livro de crônicas, se é que são crônicas os textos que assim estão caracterizados na ficha catalográfica que a Scortecci Editora escolheu para o livro "Prosa de Leitora – Sobre livros, autores e outros acepipes” – vol. 1, de Maria Mortatti. Na apresentação do livro, a autora relata que nele estão reunidos "54 textos selecionados entre os 101" que escreveu "durante 150 noites – de 15 de fevereiro a 15 de julho de 2023" publicados em seus dois blogs.
Maria Mortatti é poeta, e grande poeta, escritora de contos e crônicas, professora titular na UNESP, campus de Marília. Costuma ser citada como referência em Educação e também como premiada com o Jabuti (2012) pelo livro "Alfabetização no Brasil: uma história de sua história" (Cultura Acadêmica/Editora Unesp). Em 2019, publicou "Breviário Amoroso de Soror Beatriz" (Editora Patuá), sobre o qual escrevi um artigo no portal da Vitrine Literária Editora. Desde aquele ano publicou, pela Scortecci Editora, os seguintes livros: 'Mulher Emudecida", "Mulher Umedecida", "Mulher Enlouquecida", "Amor a quatro mãos", "O primeiro livro de Arthur". E este sobre o qual faço alguns comentários, talvez impertinentes.
O livro traz como epígrafe um poema de Cecília Meireles, "Mensagem a um desconhecido'. Seria este o leitor do livro? Pode ser, mas pode ser o leitor que a autora desconhece, mas que tem esperança de seduzi-lo com as histórias que conta sobre autores e livros que leu, sobre mulheres, algumas das quais quase desconhecidas hoje. Eu, por exemplo, nada sabia de Lenyra Fraccaroli, nem sabia que Júlia Lopes de Almeida ajudou a fundar a Academia Brasileira de Letras, mas não pôde integrá-la por ser mulher.
Há acontecimentos neste livro de Maria Mortatti que mereceriam maior destaque de minha parte, por um motivo bem simples que chamo de coincidências: o deslumbramento com as ilustrações de Doré impressas na “Divina Comédia”, cuja primeira tradução em português, em voluma enorme, capa dura, guardo até hoje. Também folheei aquele livro, mais interessado nas ilustrações do que propriamente no grande poema, que só iria estudar muito tempo depois. Outra coincidência que me causou surpresa não pelo fato em si mesmo, mas por me remeter ao passado de estudante de Letras que achava estranho o dia 23 de abril de 1616, dia e ano em que faleceram William Shakespeare, Miguel de Cervantes e Garcilaso de la Vega, el Inca. Senti-me vingado com essa referência aos três, não por causa dos dois europeus, mas pelo peruano, que eu, como estudante de literatura hispano-americana, achava injusto não ser lembrado.
Outro acontecimento que me fez voltar no tempo, está no texto "Macunaíma na banheira da Sapucaia". A autora não sabe que a doação da Sapucaia à Faculdade de Ciências e Letras da Unesp-Araraquara aconteceu graças ao empenho do então Diretor, Cláudio Gomide, que convenceu o Reitor (Antonio Manoel dos Santos Silva) a encontrar-se com Heleieth Safiotti e comprometer-se, caso houvesse a doação, em transformar a propriedade em Centro Cultural. A negociação se fez num jantar no restaurante Dinho’s, em São Paulo.
Há no livro de Maria Mortatti pequenos relatos de leitura prazerosa, leitura da leitora, como, por exemplo, os que falam de Wander Piroli, de Osman Lins, de Camões, de James Joyce, de Flaubert, de Proust, de Manuel Bandeira, de Machado de Assis. Em alguns deles, a autora entra no cenário e se transforma em ser da narração.
Porém, há sempre um “porém”, o que mais me agradou neste livro foram os textos sobre as escritoras, principalmente as poetisas. Este começo de "Emily Dickinson; a poesia de uma vida", vale o livro inteiro, porque define o espírito que anima seus, de Maria Mortatti, textos: "Não me lembro exatamente em que circunstâncias conheci a poeta norte-americana Emily Dickinson (...) Mas não me esqueço deste estonteante poema com o qual nasceram para mim sua obra e sua vida: "A word is dead/ When it is said,/ Some say./ I say it just/ Begins to live/ That day. (Uma palavra morre/Quando é falada/Alguém dizia. / Eu digo que ela nasce/ Exatamente / Nesse dia.")
ANTONIO MANOEL DOS SANTOS SILVA é poeta, escritor, crítico literário e professor emérito da Unesp – Universidade Estadual Paulista.
18.12.2023
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Piracicaba, 29 de janeiro de 2023Depois de cumprir tarefas acadêmicas e domsticas, sentei-me para ler O primeiro livro de Arthur, de autoria de minha amiga muito querida, Maria! (sempre a chamei de Maria do Rosário, mas parece que nos últimos tempos ela prefere ser chamada de Maria).
Fui
lendo com inúmeras interrupções para sorrir, memorar, chorar, desejar,
(re)amar, imaginar, (re)ver, admirar, sonhar..., mas preciso dizer que sofrer
também. Fiquei pensando que as crianças abandonadas desse meu país - com ou sem
as creches, com ou sem as escolas de educação infantil, não têm quem as ensine
a amar os livros. E não podem, como Arthur, serem os meninos e meninas que
descobrem a livraria; serem meninos e meninas que vão engatinhando apressados
para a mesa dos livros e, então arregalar os olhos (p.48).
Gratidão,
Maria, por este belíssimo texto, pelas belíssimas fotos e por ter me feito
mergulhar no mar de lembranças e desejos e me possibilitar subir nas nuvens da
esperança de um mundo de livros, de cores, sons e sabores para nossas crianças!
Abraço
afetuoso para você e para Arthur.
Anna Maria Padilha
professora universitária, palestrante e
escritora
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Adquiri aqui pelo IG as 5 obras literárias de
Maria Mortatti, cujo trabalho científico admiro há anos. Comecei a leitura
pelos livros de poemas que têm, cada um, projetos bem definidos mas, em sua
unidade, gravitam a questão lírico-amorosa e erótica, reiterando uma certa
tradição da voz poemática feminina em posição de súplica, desejo e
eventualmente submissão à figura masculina. Temas óbvios (como a corte, a
entrega, a separação, o sofrimento) são tratados de um modo que não permite ao
leitor clareza se há ou não, ali, fundamentalmente repetição em torno das
matrizes inspiradoras ou intenção paródica. A chave de leitura - embora os
poemas pareçam evocar estados íntimos e temas bastante repetidos na tradição em
que os poemas se inserem - requer um leitor iniciado que capture o projeto e as
múltiplas referências culturais (das literaturas de distintas línguas, países e
tempos históricos e da música erudita principalmente), fundamentais para a
produção de sentido; assim, os paratextos assinados pela autora são importantes
na decifração de dados elementos e escolhas (que, sem a devida compreensão,
podem induzir à rejeição do leitor viciado nos cacoetes contemporâneos). Os
poemas dos três livros trazem indicações cronológicas (ora mais precisas, ora
mais dispersas) que dão, em seu conjunto, a impressão de uma espécie de
"roman a clef" da vida erótico-amorosa da voz lírica, cuja
surpreendente coerência pode ser tanto um indício de criação bastante
amadurecida quanto de certo enrijecimento em torno de dada posição discursiva.
Pessoalmente, para meu gosto, dos três títulos, julgo que *Breviário amoroso de
Sóror Beatriz* é o mais bem polido - talvez justamente pelo distanciamento
entre o ciclo de produção (anos 1970 e 1990) e publicação.
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MORTATTI, Maria. Breviário amoroso de Sóror
Beatriz. São Paulo: Patuá, 2019. (76 p.)
.
MORTATTI, Maria. Mulher umedecida. 2. ed. São
Paulo: Scortecci, 2021 (134 p.).
.
MORTATTI, Maria. Amor a quatro mãos: poemas. São
Paulo: Scortecci, 2022 (62 p.).
Maria Amélia Dalvi – 20.01.2023
Docente da Universidade Federal do Espírito
Santo
Leitura agradável e instigante. Foi incrível ver a mulher emudecida e
umedecida, que venha a enlouquecida!
Mulher universal para a psicologia e única para a vida.
Inspiração para matar os fantasmas e abusadores! Que morram todos e todas!
Inspiração para amar mais! Ela pode amar mais!
A si! Somente a si!
A si ela deve amar e ser amada!
A si ela pode sorrir, não somente triunfante e pela metade, mas totalmente e liberta das amarras, sem se prender ao que já foi. Afinal o que é a vida, se não for o tempo do agora?
Márcia Cristina de Oliveira Mello - professora universitária
24.01.2023
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Boa tarde! Passando para
dizer que amei a leitura do livro de Arthur , os poemas e agora me deliciando
com os contos! Parabéns! Vc escreve muito bem. Leitura maravilhosa! Bjss
Maria Aparecida Lopes Pedro - professora da educação básica
21.01.2023
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Raquel Naveira
"Amor a quatro mãos", de Maria Mortatti, celebra, num piano imaginário, o amor entre um homem e uma mulher. Um dueto de ritmos e notas líricas.
É quase um canto nupcial que lembra "O Cântico dos Cânticos", de Salomão. A divina alegria e dignidade do amor humano.
Esse clima está presente no poema "Salmo":
Das profundezas da alma
Clamo por ti.
Ouve a minha voz!
Estejam atentos os teus ouvidos
aos meus desejos!
Espero por ti
com todo meu ser,
mais que as sentinelas pela manhã.
Na tua palavra
Ponho a minha esperança.
Ó, homem amado,
No amor leal
– que fecunda a redenção –
pulsa o mistério
da plenitude da vida.
Amar, segundo Mortatti, é um nome, uma ética, uma
entrega exclusiva, um enigma, um salto mortal, um ramalhete de versos, um
banquete, uma concha de nácar, um pássaro azul, um ipê branco, um susto da alma
e mais uma profusão de metáforas incandescentes e ternas.
Que bom sentir o poder e a beleza do amor erótico
nessa linguagem imaginativa, tomada das forças da natureza.
MORTATTI, Maria. AMOR A QUATRO MÃOS. São Paulo:
Scortecci, 2022.
11.10.2021
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Cara amiga, li seu livro de poemas e gostei muito. Aproveitei os dias nublados por aqui. São delicados, muito delicados, emotivos como recolhimento interior para a expressão lírica. Fui tocado por sopros de inveja do seu personagem referido e amado. Nalguns momentos tive a sensação de que ia cair em choro. Parabéns e agradecido pela sua poesia. Abraço.
Romildo Sant'Anna - crítico de arte e jornalista. Livre-Docente pela Unesp, é membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura (Artec).
05.09.2022
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Contos de formação
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MONJAS NA LITERATURA:
BREVIÁRIO AMOROSO DE SÓROR BEATRIZ
Raquel Naveira
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Poesia escrita por Welessandra,
em 8.12.2021
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Por Ana Claudia -
POESIAS...
Olá, boa tarde! Tudo certinho por aí?
☕ Vocês gostam de poesia e todo o envolto ao universo feminino?
Eu sou apaixonada!
Dia desses estava conversando com a galera lá do #clubedolivrodocafe , no Telegram, até que minha amiga, a Fê, do @condutaliteraria comentou que estaria lendo o livro 𝐌𝐮𝐥𝐡𝐞𝐫 𝐔𝐦𝐞𝐝𝐞𝐜𝐢𝐝𝐚, da escritora @mortatti.maria , que foi publicado por uma editora que guardo com carinho no coração: eu falo da @scorteccieditora .😊
No instante lembrei-me que tinha a obra em casa por ter recebido da editora!
Ora, para uma pessoa que está saindo de uma estafa, um cansaço literário (uma talvez ressaca), vi que poderia ser um meio de aos poucos estar me reinserindo. E acertei! Sou grata ao bate-papo com a @condutaliteraria , à Scortecci e à Maria Mortatti, que me integraram em um universo de palavras e sensações únicas à mulher, sua intimidade, um eu muito mais que poético, através do amor, das relações -- do vínculo com o outro.
A escrita da autora nos toca com a mais pura sensibilidade feminina a nos convidar ao encontro da alma, dos sentimentos, com palavras que se inserem a cada um de nós da maneira mais sublime.
A mim foi uma experiência deliciosa desfrutar dos poemas compostos na obra!
Beijos Literários! ❤️☕❤️
#cafe_com_leitura #resenha #resenhaliteraria #literatura #escritafemimina #mulheresqueescrevem #mulheresnaliteratura #autoranacional #poesias #poemas #poemasdeamor #poemasfemininos #palavras #poesiaecafe #literaturanacional #scorteccieditora
COMENTÁRIO SOBRE MULHER EMUDECIDA (Scortecci Editora, 2021)
21.07.2021
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*Livros em Revista. Jornal Empresas & Negócios. São Paulo, sábado a segunda-feira, 08 a 10 de maio de 2021
"Nesta segunda, revisada e ampliada edição, temos o prazer de reler, parte da obra dessa ilustre professora que tanto propala e cultua nosso sofrido idioma pátrio. Suas crônicas e poesias continuam datadas e contemplam todos perfis e paladares de leitores por mais exigentes que sejam. Há que ser rigoroso, o que ela não teme, e com “cabeça” aberta, pois, suas entrelinhas muitas vezes escondem, digamos, segredinhos. Desta feita escolhi “Monólogo da menina umedecida”, uma deliciosa reminiscência. Sua pena é profunda sem perder jovialidade. Merecedora de reverências!"
*Livros em Revista. Jornal Empresas & Negócios. São Paulo, sábado a segunda-feira, 20 a 22 de fevereiro de 2021
COMENTÁRIO SOBRE MULHER UMEDECIDA (Scortecci, 1a. ed., 2020; 2a. ed. revista e ampliada, 2021)
Livre... Leve... Solta...
Por Zina Bellodi*
Penso que, se quisesse, Maria teria escrito um livro com poemas de estrofes e versos regulares. Respeitadas as devidas proporções, mais um caso de poeta que revoluciona pelo modo como apresenta seus temas, usando versos de talhe clássico ou, pelo menos, tradicional; assim fez Mário de Sá-Carneiro que, junto com Fernando Pessoa, ambos se tornaram um marco do Modernismo na Literatura Portuguesa.
No caso específico de Mário de Sá-Carneiro, os versos e as estrofes são regulares, mas o que ele diz e a forma como ele diz sugerem alterações no tradicional. Mário e Pessoa participam da modificação que se operou na poesia do Modernismo português.
Tomando agora o conjunto de poemas que suscitou este comentário, diria que somente uma mulher livre poderia dar ao seu livro o título Mulher Umedecida, o qual remete o leitor, de imediato, ao grande tema de seus poemas, a partir do título e também da dedicatória – o leitor mergulha no clima que domina praticamente toda a sequência de 55 poemas. A sua ousadia é de tal forma impactante que o tema chega a se tornar leve e a autora, solta, sem amarras. Aparentemente, diria eu. Sua leveza e sua maneira livre de se posicionar diante dos fatos podem me sugerir (será que estou certa?) que esses versos escondem uma mulher (umedecida?) que se encontra no aguardo de um grande amor distante, talvez impossível.
[...]
Os sonhos deste eu-poético que permeiam toda a sequência dos poemas referem-se à relação amorosa, embora eu não tenha feito levantamento algum que pudesse me permitir uma afirmação com o mínimo de segurança.
Diria, ainda, que esse eu-poético, travestido de mulher apaixonada, vê no amado a razão da sua própria existência.
10.02.2021
Consultor, professor e Podcaster - Ondas impressas
Disponível em: https://www.amazon.com.br/Mulher-Umedecida-Maria-Mortatti/dp/6555290463#customerReviews
MULHER UMEDECIDA - Maria Mortatti (Scortecci, 2020)
Por Ralph Peter*
O que para muitos parecerá um título lascivo, trago boas notícias. A professora que há muito, para nossa boa fortuna, dedica-se com primor e rigor absoluto a refinadamente venerar e propalar o idioma pátrio, nessa obra, uma verdadeira ode ao amor, enfatiza a liberdade de querência, do enlevo amoroso e naturalmente sua conclusão sexual. Vai às raias de concatenar seus belíssimos poemas a magistrais e imortais obras clássicas. Um show de estilo com aprofundada cultura. Obras marcadas com data de criação. O leitor terá a grata impressão de que ela, nasceu escrevendo, tal sua fluidez pujante e doce que levará sabores aos mais requintados paladares intelectuais. Muito bom!!
*Livros em Revista. Jornal Empresas & Negócios. São Paulo. Sábado a segunda-feira, 7 a 9 de novembro de 2020.
Disponível em: https://jornalempresasenegocios.com.br/colunistas/ralph-peter/livros-em-revista-07-a-09-11-2020/
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[...]
Nós mulheres trazemos de forma inerente, a sensibilidade e a percepção de situações que aparentemente podem ser superficiais e de forma sutil, conseguimos enquadrá-las dentro de nossas vivências e experiências adquiridas no decorrer da jornada existencial.
A autora conseguiu imprimir em seus versos a sutileza, a força e o desejo de uma mulher enamorada. Mostra o quanto pode ser profundo, doce e satisfatório o relacionamento, mas também, como alguns comentários e atitudes do ‘outro’, podem marcar, magoar, desestabilizar e ainda assim, proporcionar felicidade.
Contraditório? Pode até ser... E não somos todos seres dúbios, contraditórios e questionadores? E apesar de cada fala, atitude, toque, carinho, afeto, não buscamos a felicidade? Pois é o que a escritora conseguiu passar com seus poemas íntimos e sensíveis em suas colocações.
Dá para perceber uma certa cronologia nos fatos e sentimentos narrados, um vai e vem no tempo, mostrando a evolução da relação e da sensação naquele determinado momento, deixando a marca dos sentimentos, incrustadas nas palavras que serão imortais.
Não há como não me identificar com as experiências transcritas, acredito que em algum momento, já sentimos a ambiguidade descrita e a busca pessoal e poética demonstrada pela autora. Suas poesias trazem acalanto ao coração, questionamentos filosóficos à mente e transcende a sensibilidade da alma.
Recomendo para todos, principalmente para as mulheres que entendem o umedecimento feminino.
(19.10.2020)
Disponível em: http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com/2020/10/resenha-50-mulher-umedecida-literatura.html
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O CORPO QUE GRITA SEU CIO
por Renata Soares Junqueira*
O livro de poemas Mulher umedecida (Scortecci, 2020), de Maria Mortatti, insere-se numa tradição literária representativa dos primórdios da luta feminista que se vem fortalecendo sensivelmente, pelo menos desde o início do século passado.
Refiro-me à tradição amorosa da escrita de (suposta) autoria feminina, que na cultura cristã remonta ao tempo medieval em que se fazia a impostação da voz feminina nas ‘cantigas de amigo’ da lírica galego-portuguesa, e que em português moderno transita da epistolografia extática de Sóror Mariana Alcoforado aos sonetos sensuais de Florbela Espanca. É a mulher libertando-se de imposta clausura, despindo o seu burel de freira para dar voz ao corpo, que grita o seu cio.
Por essas veredas também andou Maria Mortatti, que anteriormente já havia lançado o Breviário amoroso de Sóror Beatriz (Patuá, 2019) e agora escancara o desejo da mulher umedecida neste novo livro, no qual se leem sonoros “poemas-partitura” que revelam uma especial devoção da poeta à música, com destaque para a presença inspiradora de Gustav Mahler.
A exploração lúdica da sonoridade mostra-se logo, aliás, no jogo anagramático dos títulos escolhidos para compor o que será uma trilogia literária: ao volume Mulher umedecida devem seguir-se o dos contos de Mulher emudecida e o da novela Mulher enlouquecida. Mulheres que, juntamente com Sóror Beatriz, vão compondo o universo ficcional feminino de Maria Mortatti.
São todas bem-vindas!
(04.08.2020)
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* Renata Soares Junqueira é professora do Departamento de Linguística, Literatura e Letras Clássicas, da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP - Universidade Estadual Paulista - campus de Araraquara.
Disponível em: https://www.amigosdolivro.com.br/2020/08/o-corpo-que-grita-o-seu-cio-renata.html
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COM A PALAVRA, LEITORES DE MULHER UMEDECIDA (Scortecci, 2020)
“Parabéns pela obra e pela escolha feliz do título, que brinca com
nossas fantasias de modo bastante agradável!” (F.)
“Estou lendo os poemas e me deliciando com a força que cada um deles
carrega. Fiquei pensando que praticamente todos foram escritos em um intervalo
de menos de seis meses: surpreendente!!!!” (M.)
“Mulher umedecida de
um amor sem começo e sem fim! Parabéns pelo
livro e pela entrevista (J.G.)
“Irei gostar do livro. O poema ["Retrato do homem amado"] que nos
presenteou na entrevista me fez rememorar os poemas de Florbela Espanca.”
(F.M.)
"Sensual e profundamente místico, como o amor... lembra os
Cantares/cântico dos cânticos, o elogio da beleza do
amado (Salomão): "o meu bem-amado é para mim um cacho de uvas nas vinhas
de Engadi" - "O homem que amo é lindo" (M. L. C)
"(...) poesia tem a sutileza do belo, romântico;
muito me inspira esse gênero"(J.)
“Acabei de receber meu livro, 'Mulher umedecida'. Comecei a ler e ao chegar nessa poesia ['Falsos cognatos'], não pude continuar.... li mais uma vez, li outras.... que tocante, traduziu em rosas-poesia um sentimento-espinho ou um espinho-sentimento. Estou encantada. Vou continuar a leitura” (F.P. 30.07.2020)
"Só precisei de uma manhã para ler a 'Mulher umedecida'. Esse sentimento
tão conturbado que é o amor: que nos eleva e
arruína... Mas você, poeta, gentilmente nos faz compreendê-lo quando por fim
traz o olhar da menina. Fiquei emocionada. Parabéns pelo livro!" (C.R.S.
02.08.2020)
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LIVRO DE POEMAS BREVIÁRIO AMOROSO DE SÓROR BEATRIZ UNE MÚSICA E ORAÇÃO NUMA BELA ELEGIA DO AMOR NA CARNALIDADE DA PALAVRA
por Fernando Andrade - jornalista e crítico literário
https://www.literaturaefechadura.com.br/2019/06/16/livro-de-poemas-breviario-amoroso-de-soror-beatriz-une-musica-e-oracao-numa-bela-elegia-do-amor-na-carnalidade-da-palavra/