De acordo com resultados do Censo Demográfico 2022 do IBGE, a taxa de alfabetização – aferida com base no critério de saber ler e escrever um bilhete simples – foi de 93%, e a de analfabetismo, de 7,9%. Esses resultados indicam avanços importantes: em relação ao Censo de 2010, houve queda de quase dois pontos percentuais no analfabetismo da população com 15 anos ou mais. Mas também evidenciam a persistência de dívidas históricas: são ainda consideráveis as diferenças na distribuição dessas taxas por regiões geográficas, classe social, etnia, raça e gênero. Recordando as palavras de Paulo Freire, alfabetização e analfabetismo não são problemas estritamente linguísticos, pedagógicos e metodológicos, mas envolvem aspectos mais amplos no âmbito político, social e educacional. Apesar das políticas públicas e iniciativas de entidades da sociedade civil, são muitos desafios a enfrentar para garantir o direito de cada cidadão brasileiro à leitura e à escrita – não apenas de “um bilhete simples” –, visando à construção de um projeto de nação mais justa e igualitária.
Maria Mortatti – 24.05.2024