Tanto é verdade que só no final da noite consegui terminar minha rotina de profissional das letras. Passei o dia de letróloga em silenciosa comemoração linguístico-literária: li, escrevi, traduzi, revisei textos e preparei originais para publicação – um deles, como ghostwriter. Mergulhada em tantas letras, fui me lembrando: perdi muitos, muitos dias na vida, mas, à medida que o tempo passa, vou ganhando outros para comemorar. Já são mais de dez na cronologia de minhas quase sete décadas de vida: dia do nascimento, da criança, da estudante, da mulher, da namorada, da poeta, da escritora, da autora, da professora, da pedagoga, da historiadora, da autora, da revisora, da mãe, da avó. Sem esquecer, claro, o dia da profissional das letras, o dia da língua nacional e todos aqueles que deixei de lembrar, alguns de propósito. E quem sabe quantos outros ainda vou perder ou ganhar, até o dia da morte. Tem dia para quase tudo. E tem dia em que cabem todos os dias e noites para comemorar a efemeridade disso, daquilo e daqueloutro. Ou quase. Como hoje. Ainda faltava escrever este textículo para comemorar e cumprimentar os profissionais da língua e da literatura. Com todas as letras, fiéis companheiras. Hoje é mais um de meus dias de letróloga. Amanhã e depois e depois, também. Maria Mortatti – 21.05.2023
