No livro Os meus romanos: alegrias e tristezas de uma educadora alemã no Brasil, de Ina von Binzer*, estão reunidas cartas escritas por essa preceptora alemã, entre 1881 e 1883, assinadas com o pseudônimo Ulla von Eck e enviadas à amiga alemã, Grete. Ina chegou ao Brasil com 22 anos de idade e trabalhou para famílias ricas do Rio de Janeiro e de São Paulo capital e interior. Na capital paulista, trabalhou na casa do Dr. Costa, como professora de seus filhos de nomes romanos - inspiração para o título do livro -, conheceu seu noivo, o engenheiro inglês, Mr. Hall, representante de fabricante de máquinas e - pelo que se sabe - não escreveu outras cartas à amiga alemã.
Esse livro é uma das fontes documentais que utilizei na pesquisa para o livro Os sentidos da alfabetização (São Paulo – 1876/1994) (Editora Unesp). Hoje me lembrei da autora e do título: sintetiza o que senti quando, depois de horas de trabalho com minhas/meus 120 brasileiras/os, terminei – no penúltimo dia do prazo - a tarefa de preencher planilhas em sistema eletrônico de registro de conteúdos de aulas, de frequência, notas e médias de alunas/os de graduação.
Finda a tarefa, uma alegria besta: cumpri o dever e até que mereço mil estrelinhas. Mas, sobretudo, fica uma tristeza inadjetivável: esse dever me roubou parte do precioso tempo de vida que “sobre a face da Terra me foi concedido” (Brecht). E, com certeza, o que fiz será descartado no cesto de lixo da história. Para não ter sido de todo em vão, ficam ao menos a recomendação de leitura do livro e este registro do que fiz em um ensolarado domingo de maio de 2021. Acompanhado da advertência: o amor e a poesia me salvam!
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BINZER, Ina von. “Os meus romanos: alegrias e tristezas de uma educadora alemã no Brasil”. 2. ed. Trad. A. Rossi e L. G. Cerqueira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. Prefácio de Paulo Duarte. Apresentação de Antonio Callado.
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Maria Mortatti – 02.05.2021