Há exatamente um ano começava a nascer a mulher umedecida, protagonista do livro homônimo (Scortecci, 2020).
“Vestida de branco,
contemplando o horizonte,
ao cair da tarde ensolarada
de véspera de Natal,
tropecei numa pedra partida
da antiga e repisada calçada
da terra natal.
Com os pés em descanso,
a janela se abriu.
Na noite descerrada
vi uma miríade de cores e formas
e ouvi um canto celestial
de onde emanou a voz de um anjo:
'Siga a estrela!' ”*
No “trânsito de Vênus”, ela atende ao chamado do homem “para quem nascera/por quem sempre esperara”: “de braços abertos, acolho.”/De olhos fechados, me entrego”. E assim se inicia a tessitura da relação amorosa, que é também a de sua jornada de autoconhecimento provocada pelo encontro com o homem amado.
Do tropeção na terra natal e o anúncio do anjo à celebração das núpcias, num movimento em vórtice, em “mise en abyme”, “entre começos, fins e recomeços, do começo ao fim, ou do fim para o começo, o livro representa uma declaração de amor sem começo nem fim ofertada pela mulher ao homem que a umedeceu.”
Neste ano marcado por tantas perdas, tristezas e retrocessos, mais uma vez a poesia me salva. Agradeço a essa mulher que me proporcionou muitas alegrias que eu nem imaginava até então. E me deu um presente inestimável: a celebração da vida e do amor! Com ela, pude em muitos momentos dizer: "me sinto a mulher mais linda e mais amada do mundo". Por meio dela, a cada dia renasce para mim a esperança de presente e futuro melhores para todos.
Desejo que seus poemas toquem com vida, amor e esperança também (n)o coração de cada leitor que a acolher e a ela se entregar.
FELIZ NATAL!
Maria Mortatti - 24.12.2020